“Book Descriptions: Entre 1924 e 1929, Aby Warburg fez e refez incessantemente o seu famoso Atlas de Imagens Mnemósine. Este projeto constitui uma forma visual e poética de conhecimento, uma ocasião para o historiador da arte e da cultura regressar a alguns dos temas que o ocuparam ao longo da vida, para seguir os percursos de desterritorialização que as «imagens» tomam e que a investigação das mesmas não pode deixar de perseguir. É assim que o Atlas aponta para o Ocidente e para o Oriente, tanto para tempos arcaicos como para o mundo contemporâneo, tanto para a lonjura como para a proximidade, por vezes imperceptível, por vezes velada, entre os astra (o mundo das ideias) e os monstra (as pulsões emotivas). Ao plano aberto do Atlas de Warburg, desenvolvendo-se entre a primeira prancha consagrada à divinação Antiga sobre as vísceras e a última assombrada pela ascensão do anti-semitismo e do fascismo, na Alemanha e na Europa, Didi-Huberman responde com uma montagem de «grandes planos», configurando um fértil rizoma: a rememoração do destino trágico do titã Atlas, que os desuses do Olimpo condenaram a carregar o peso do mundo; a «razão» imaginativa dos Disparates de Goya; as «afinidades electivas» de Goethe; os atlas sinópticos das mais variadas disciplinas; a «gaia ciência» de Nietzsche; a inquietude cantada por Schubert; a Sobrevivência e a fórmula-de-pathos de Warburg; os atlas que Bloch, Febvre e tantos outros elaboraram durante a Primeira Grande Guerra; a «imagem dialéctica» segundo Benjamin; as fotografias de Atget e Sander; a «crise das ciências europeias» segundo Husserl; os paradoxos de imaginação e de erudição de Borges; o atlas de Richter, as montagens de Duchamp e Godard. A partir de Warburg, este ensaio propõe-nos uma outra legibilidade, metodológica e crítica, sobre a memória inquieta das imagens, sobre os disparates da cultura visual e os desastres da história, ainda hoje a remontar tanto poética como politicamente.” DRIVE